domingo, 16 de maio de 2010

Tudo está mau quando acaba mal

Existem coisas, que mesmo previsíveis, não gostamos de aceitar - O termino de um relacionamento afetivo é uma delas. E nesses momentos, só existem duas saídas: Aceitar ou culpar!

Aceitar seria aderir á nova realidade mesmo que dolorosa. E culpar seria uma forma de fugir da realidade, acusando o outro, o destino, os deuses, o dono da padaria... O objetivo é colocar a culpa em alguém para conter a decepção (mesmo que prevista) ou aliviar sua própria culpa.

Independente do tempo de relação ou até mesmo da situação crítica a qual tenha chegado, sempre há aquele que irá negar a realidade e procurar culpados. E o que era pra ser solução, passa a ser um problema.

É como o velhinho de 200 anos que estava com uma doença em fase terminal. Todo mundo dizia: - Oh meu Deus, às vezes é melhor quando Deus leva, que tristeza! Mas no dia que morreu, alguém disse: - Por que ele tinha que ir agora? Tão cheio de vida!

Ou seja, o velhinho pode ter 500 anos, que alguém vai sempre achar que ele tinha uma vida inteira pela frente... Para essa pessoa, que não aceita a morte, independente da circunstancia ou da idade do ente querido, nunca será a hora dele.

Da mesma forma acontece numa relação amorosa. Se aquela pessoa não aceita o final, independente da situação trágica que a relação tenha chegado, ela sempre vai achar que não era a hora. E vai ficar remoendo, procurando culpados, se escondendo atrás de mágoas e ressentimentos, enfim, a proposta é manter o clima nostálgico e se possível arrumar aliados pra isso.

Tempo perdido... Primeiro porque independente do que pensa ou não a respeito, as coisas tomarão o rumo natural, nada vai mudar. E mesmo que ache que a pessoa foi completamente errada, inclusive super dimensionando os defeitos dela e minimizando os seus, ela pode acabar tendo um destino bem melhor do que o seu! Não porque ela merecia e você não. Mas porque ela achou que merecia e você não!

E é importante saber que não existe castigo pra quem deixa de amar. O castigo é a consciência. E só ela é capaz de produzir infelicidade.

O que acontece, é que temos gravado em nossa consciência coletiva, alguns conceitos de “fazer o bem” e “fazer o mal”. E quando fazemos o mal, intimamente acreditamos que pagaremos por isso, o que de fato acontece. O contrário também é verdadeiro.

Mas tudo isso é muito subjetivo, não dá pra incorporar ao outro, os castigos que você deseja.

Quando a hora de ir embora chega, você precisa ir sozinho. E é um dos poucos momentos em que você não deve se perguntar “por que”. Até porque, nesse momento você não vai conseguir dar respostas exatas, sensatas ou coerentes.

Tudo que falar será baseado em mágoa, sentimento de fracasso, tristeza ou indignação por ter sido abandonado. E provavelmente, nada daquilo fará sentido alguns meses (ou anos) depois.

Não é fácil sair de um relacionamento amoroso, em que existiu muita entrega, doação... Porque mesmo sabendo que existe o risco de não conseguir, o desejo é ficar junto "para sempre". E é difícil, doloroso romper com esse ideal... Mas não existe outra forma de superar, além de seguir a vida adiante e dar tempo ao tempo.

Infelizmente as pessoas criaram sim outra forma de fazer isso, porque parece fácil, mas no final, torna-se ainda mais triste e doloroso: Culpar!

Procurar culpa no outro, buscar situações e pessoas que reforcem esse sentimento e gastar todo o seu repertório de julgamento sobre o ex-amado é uma das saídas mais confortantes, no entanto, em curto prazo.

Porque na verdade, você só distrai o coração com a mágoa enquanto o seu coração chora a dor da perda, da saudade... Que é uma dor normal, natural, principalmente quando a relação é intensa, sincera... Afinal, só se sente saudade do que foi bom.

E o tempo que perdeu procurando culpados, deveria estar dando esse ultimo Adeus a sua história de amor. Sendo esse ultimo momento, tão importante quanto a primeira vez em que se viram naquela linda manhã de sol, ou noite de lua...

Mas a urgência pelo alívio imediato faz com que procure o caminho mais curto que traz mais a frente, efeitos dolorosos e muitos deles irreparáveis.

Não existe fórmula para se sair bem de uma relação. Eu acho inclusive, que o normal é que se saia "mal", no sentido de ficar triste saudoso...

Geralmente quando se vê alguém que terminou uma relação dizer que ESTÀ ÒTIMO! É porque de fato, ele está bem pior do que acredita.

Porque é sempre ruim. Mesmo que não exista mais amor, que seja clara a incompatibilidade em conviver, sempre é triste. Porque junto com a pessoa, vai a expectativa do “felizes para sempre” ou pelo menos “juntos para sempre”. E frustrar essa expectativa é sempre muito difícil, doloroso... Mas existe como terminar bem sim!
Não dá pra ser BOM, mas pode se sair BEM. Tudo vai depender da forma com que vai direcionar seus pensamentos e atitudes.

Se recolher, sofrer, chorar no ombro de um amigo, lembrar, sentir saudades, ouvir aquela música e chorar durante horas, ver as fotos e querer que o tempo volte, tudo isso é normal. É o seu coração dando adeus, guardando aquela história naquele espaço só dela, dentro dele, bem fechada, sem rasgar. Para que ela se acomode de um jeito, que você possa dar continuidade a sua vida, conhecer outra pessoa, ser feliz novamente... é assim que funciona!

Mas se escolhe culpar, julgar, denegrir, agredir, estará fazendo com que nada se resolva em seu coração. Porque ao invés de juntar, vai estar jogando tudo dentro do peito, espalhado,com medo de ver e sofrer. Só que uma história aberta, espalhada no peito , nunca se resolve e o pior, tudo que vem dali pra frente também já começa errado.

Porque um coração precisa estar organizado pra receber uma outra pessoa. E as histórias passadas, precisam estar fechadas e guardadas com carinho. De uma forma que nem perca o espaço que conquistou, nem atrapalhe o espaço do outro que vier.
Fácil não é. Mas é melhor que seja difícil e efetivo. Do que fácil e eternamente incompleto.

Terminar bem é se permitir ficar mal para depois compreender o sentido da perda. Terminar mal é querer ficar bem a todo custo, buscando mecanismos de fuga, que o farão eternamente insatisfeitos.

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