sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tudo de Bom - TV Ponta Negra | Entrevista - Psicoterapeuta e Escritora conversam com Priscilla de Sousa sobre amantes

Tudo de Bom - TV Ponta Negra | Entrevista - Psicoterapeuta e Escritora conversam com Priscilla de Sousa sobre amantes

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O amor pode SER HUMANO

O amor precisa ser humano para poder ser vivenciado em sua forma mais concreta. Enquanto ele for mágico, perfeito, divino, não irá fazer parte das relações humanas que tanto necessitam dele.
Amar humanamente é não ter medo de conhecer o outro. È saber que em algum momento ele irá assustá-lo e no outro encantá-lo profundamente...
È compreender que a paixão é uma fase e que o sexo vai perdendo o valor com o passar do tempo. E que se colocá-lo em primeiro plano, um dia irá precisar escolher entre: Trair ou pedir o divórcio.
Encontrar aquela pessoa perfeita que se encaixa em tudo com você também não é amor, é encanto, magia, paixão...
O que existe de mais perfeito no mundo são as paixões proibidas, platônicas, a distancia, não vivenciadas... Elas são perfeitas porque são miragens, impressões de realidade.
O que a gente mais pensa e sonha é o que menos amamos, porque o que sonha não está ao alcance. E o amor, geralmente é tão óbvio e próximo, que muitas vezes nem damos conta.
Mas somos movidos pela excitação do irreal, do distante, do proibido... Por isso sofremos tanto e temos cada vez menos consciência do amor.
O casal que se ama conhece um ao outro. Os defeitos especialmente os assustam, mas nunca ao ponto de fazê-los se abandonar.
Não se pode pesar o amor pelo que uma pessoa é ou faz, mas pela resistência em permanecer ao lado(apesar de tudo).
As fórmulas, os modelos de amor estão aí!Os divórcios, as traições e os crimes passionais também!Por que será?
È porque o amor que vendem por aí é o amor mágico, divino, encantador... Mas e depois?
As pessoas não sabem e muitas vezes não querem lidar com o “depois”. E aí surgem os desencontros...
Eu não sei exatamente o que as pessoas procuram numa relação a dois, mas a sensação que tenho é que elas estão cada vez mais distantes de encontrar. Simplesmente porque não sabem o que estão procurando.
Quem procura sexo ardente até as bodas de diamante, pode esquecer até as de prata.
Quem procura um amor que suporte tudo, pode começar a analisar a sua própria capacidade de suportar o outro.
Quem procura alguém que o aceite exatamente como é deve aprender a expor os seus sentimentos e não esperar que o outro adivinhe.
E quem procura um amor para a vida inteira, precisa começar a conviver com a idéia de que vai precisar ceder muitas vezes.
Tudo tem um preço. E conviver a dois é estar disposto a pagá-los. Na verdade, não há como não pagar. Os solitários também pagam a todo o momento. A solidão em si já é um alto preço.
Não, ninguém consegue ser feliz sozinho. Ah, mas tem os amigos! Sim, tem! Mas até quando você acha que consegue se enganar?
E os “perfeitos” que nunca conseguem alguém a sua altura? Essas pessoas aparentemente perfeitas são na verdade, imagens utópicas de si mesmos. Muitas vezes, inclusive, são exatamente o contrário do que aparentam ser.
São inseguras e precisam ser admiradas pelos outros por algo que elas não são, por isso, procuram obsessivamente ser.
No fundo, elas não acreditam que serão amadas, admiradas e respeitadas pelo que são. A saída é procurar ser o que não são.
Portanto, não são amadas. Porque ninguém ama o que não conhece. E se o que ela expõe para o outro não corresponde a realidade, como pode amá-la?
Certamente, na primeira tentativa de ser autentica, será reprovada pelo parceiro. E com razão, porque ele comprou uma imagem falsa. E não tem obrigação de pagar um valor que não conhece.
Ninguém nunca irá conseguir amar uma pessoa "perfeita", simplesmente porque ela não existe. No dia que ela passar a existir, é que irá começar a construir relações de afinidade e afetividade.
Enquanto isso, o que irá construir será ilusão. Porque até as paixões não serão verdadeiras.
Existe sim o amor divino, mas também existe amor entre humanos. Pessoas que acordam feias, que choram, erram, esquecem algo importante e que carregam dentro de si algo terrível... Mas essas pessoas, para serem amadas de verdade, precisam aparecer, desmontar os circos que constroem sobre suas imagens cômicas e falsas do seu verdadeiro eu.
Quando elas aparecerem, irão se sentir mais tolerantes a realidade do outro. Porque o que incomoda em ver o outro errando, é a necessidade contida de errar também.
Mostrar-se como ser humano errante e permitir-se ser amado é a única oportunidade humana que temos de vivenciar o prazer de ser feliz. Ou infeliz, mas com o conforto do amor humano que acolhe e respeita.
As pessoas não precisam ser boas por fora e frustradas por dentro. O que elas precisam é ser felizes. Porque a partir disso, serão capazes de promover a felicidade de uma forma natural e não mais como um dever artificial carregando a cruz de uma tragédia interior.